MURAL

18/01/2023

Profissionais da educação e da saúde discutem o despertar consciencial

 

 

 

Riachão do Jacuípe No último domingo, 15, professores e uma psicóloga encontraram-se virtualmente para falar sobre a consciência humana e a possibilidade dessa consciência estender-se para além da vida no corpo físico. A imortalidade da consciência ou da alma, como é mais comum de se dizer, é um assunto que ultrapassa o mero interesse religioso e, mesmo entre os que professam alguma religião, sempre existem aqueles de perfil São Tomé, que precisam ver para crer.

 

A conversa girou em torno da biografia e de um artigo do psicólogo transpessoal Charles Tart, em que ele anexou o testemunho de um colega neurocientista cético que se surpreendeu com a exteriorização de energia a ele endereçada por um líder hindu, durante um retiro do qual esse cientista resolveu participar, por mera curiosidade.

 

Longe de querer propagar ou estimular práticas de aparência esotérica que se constituem em verdadeiro modismo, inclusive com certos problemas de confiabilidade, no mundo contemporâneo, o encontro buscou estruturar um espaço efetivo de compartilhamento de informações, descobertas etc., em torno da condição desafiadora da espécie humana sobre a Terra. Nesse sentido, não cabe nenhum preconceito ou visão medíocre sobre qualquer das vertentes de conhecimento popular ou científico que se verificam, ao longo dos séculos.

 

Nessa empreitada, se insere o que vem sendo chamado de Núcleo de Estudos Holísticos, a partir de Riachão do Jacuípe, onde se iniciaram as conversas com algumas pessoas de diferentes origens religiosas e sem religião.

 

O núcleo de estudos não se propõe arrebanhar pessoas, nem quer ser um clube de intelectuais ou puritanos, mas, possibilitar que quaisquer cidadãos e cidadãs interessados pelo tema e insatisfeitos com as respostas simplórias das crenças ou do materialismo se encontrem e troquem dicas de leituras, percepções, experiências, etc. num mundo cada vez mais caótico e ameaçado, do ponto de vista da natureza, da convivência e do livre pensamento.

 

Novos encontros devem ocorrer a partir de fevereiro e os interessados em participar podem sinalizar o interesse através dos canais anunciados, antes de cada encontro.

 


15/10/2021

Visibilidade para MPE's jacuipenses e formação profissional gratuita são discutidas em reunião do Ponto de Leitura com a CDL

Riachão do Jacuípe -  Na última quinta-feira, 14, a coordenação do Coletivo Cultural Ponto de Leitura e a Diretoria da CDL se reuniram para discutir parceria voltada à promoção do conhecimento e do desenvolvimento local, através de ações capazes de fomentar a responsabilidade social das micro e pequenas empresas (MPE's). São esses pequenos empreendimentos que sustentam, em boa medida, a economia do país e podem ganhar mais visibilidade e respeito, ao apoiar o conhecimento e a cultura local. Mais cedo, já havia sido confirmado o Termo de Cooperação do Ponto de Leitura com o Colégio Estadual Maria Dagmar Miranda, para a concretização de iniciativas socioculturais, na mesma linha.

Na reunião com os representantes do setor comercial, foi aprovada a proposta da veiculação de radio lives - programas ocasionais, na Cardeal Rádio Web, com um empreendedor local, a cada edição, contando sua história de lutas e conquistas. A série de lives deverá ser chamada de Trajetória MPE e os comerciantes deverão contribuir com o trabalho pioneiro da Cardeal Rádio Web, por meio de apoio cultural. A apresentação dos programas, além de contar com profissionais já atuantes no meio, deverá privilegiar a descoberta de novos talentos, no campo das comunicações, a exemplo de estudantes com habilidades comunicativas ou universitários de cursos afins.

A outra iniciativa acolhida pelas entidades parceiras, durante a reunião, é a oferta de formação gratuita, especialmente para a população de baixa renda, na área de assistente pessoal. Trata-se de uma ocupação em que o profissional assessora uma pessoa, em suas demandas diversas, em âmbito doméstico-familiar ou comercial, e que tem despontado como uma ocupação bastante requisitada, ultimamente.

Nesse particular, serão ofertadas cerca de 20 vagas para o curso livre cujo programa prevê alguns componentes de formação geral, além dos conteúdos específicos da profissão almejada. Alguns professores voluntários já confirmaram interesse em colaborar com as aulas e as inscrições devem ser abertas até ao final de outubro para garantir o início dos encontros presenciais, ainda em novembro.

Com esse conjunto de ações, as entidades parceiras visam ao desenvolvimento local integrado sustentável, em que os pequenos assumem o protagonismo das mudanças positivas que todos almejam para Riachão do Jacuípe e região.


25/05/2021

Estudantes do Ensino Médio aprendem a lidar com os desafios da vida, em Pé de Serra

 

No último sábado, 22 de maio, estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Falconeri Rios, em Pé de Serra, tiveram um dia de aula diferente. O sábado letivo remoto, naquela unidade, foi transformado em Roda de Conversas, através de salas virtuais, cada uma voltada para um tema específico, sob a responsabilidade dos professores da área de Humanas, incluindo a participação de profissionais convidados de outras áreas, conforme os temas.

 

Durante a semana, os alunos escolheram suas salas, segundo a preferência que tinham pelos temas levantados por eles mesmos, numa consulta prévia. Ao final, professores relataram que a dinâmica foi bastante positiva, com discussões acaloradas, mas também, enriquecedoras.

 

Para o psicólogo Carlos Bruno que participou como convidado, na sala sobre os desafios da Educação em Tempos de Pandemia, foi uma experiência interessante, ao lado dos professores Antônio Eudes e Adjaelmo, que trouxeram também para a conversa a perspectiva do aluno egresso Kelven. Segundo o psicólogo, que também atua na área de Educação, o importante é justamente que todos se ajudem, nessa conjuntura desafiadora.

 

Na sala que abordou o tema Assédio, sob a coordenação dos professores Iuri Sacerdote e Ayza, as perguntas se multiplicaram, como já previsto, diante da atualidade do tema. De acordo com a professora, a conversa foi bastante produtiva, a ponto da turma sugerir uma segunda edição e aproveitar para pedir a inclusão do tema Religião, na próxima oportunidade.

 

Convidada para a sala sobre Saúde Mental, a psicóloga Ana Márcia afirmou ter adorado a experiência, em que foram abordados aspectos como medo, timidez, ciúmes, etc., que tendem a ameaçar o equilíbrio emocional, especialmente na fase da juventude.

 

Mesclando a abordagem holística de Edward Bach com a Psicologia Clínica, foi possível levar alguns participantes a se identificar com estados emocionais negativos, apresentando-se em seguida pistas para aprender a fazer a transformação positiva ou sobre como buscar ajuda especializada, nos casos mais necessários. Os estudantes que participaram dessa sala também avaliaram como relevante a experiência e pediram que a iniciativa fosse retomada.

 

A Direção e a Coordenação do Ensino Integral do Colégio Pedro Falconeri acolheram e prestaram total apoio a essa proposta discutida e aprovada durante as Atividades Complementares dos professores da Área de Ciências Humanas, na unidade.

 


23/04/2021

Bastidores do Ensino Remoto

 

 

Com a palavra, os professores...

 

Diretores, articuladores, funcionários escolares… Todos comprometidos com multitarefas:,Alimentar sistemas, cumprir prazos, abrir turmas, emitir orientações, dirimir dúvidas, imprimir cadernos de apoio, atender à maratona de reuniões virtuais e, se falta algo ainda nessa lista já extensa? Certamente falta.

 É que tem sido um trabalho e tanto o dos servidores da Educação da Bahia, ultimamente. Então, até como forma de prestigiar esses bravos trabalhadores, vamos ouvir adiante professores e professoras da região sobre a nova rotina de trabalho assumida, nas últimas semanas.

 

Sempre gostei de tecnologia… mas, nem tudo são flores.

 

Thaíse Glória, professora de Biologia, no Colégio Estadual Pedro Falconeri Rios, em Pé de Serra.

 

"Para mim tem sido uma dualidade! Ao mesmo tempo que sinto falta do calor humano (e desumano, das altas temperaturas do sertão) da sala de aula, me sinto empolgada pelo novo. Eu sempre gostei de me sentir desafiada, principalmente no trabalho. Sempre gostei de tecnologia, então ser desafiada a usar mais tecnologia no trabalho para mim foi excitante!

 

Enquanto professora de Biologia, admito que é uma grande facilidade ter ali à disposição a internet para pesquisar vídeos, imagens, no meio de uma aula, quando surge uma dúvida de um aluno e talz... gosto das TIC e de usá-las.

 

Por motivos pessoais, trabalhar de casa, nesse momento, foi providência divina. Facilita o "ter que cuidar de um enfermo", sem faltar às responsabilidades profissionais.

 

Mas, é lógico que nem tudo são flores. As dificuldades são infinitas também. Pra mim tem sido problema a hora de "parar de trabalhar". Começo a fazer algo e quando vou ver já são 11 da noite e eu ainda estou trabalhando. Isso gera esgotamento mental e físico.

 

Eu não consigo, na maioria das vezes, ignorar mensagens "fora de hora". Isso acaba me dando a sensação de que eu não saído trabalho. Acho muito chato as aulas síncronas com os alunos com câmeras fechadas que quase nem falam e parece que você está alí, sozinha. Isso me deixa ansiosa e triste... A aula não flui da mesma maneira.

 

Mas, para mim, o mais importante disso tudo é que fomos obrigados a enxergar que "cuspir conteúdo" nas salas de aula, nos dias de hoje, já não é mais ensinar. A informação está literalmente na palma das mãos dos nossos alunos.. Querer ministrar aulas dessa forma é querer chover no molhado.

 

Nós precisamos ensinar a estudar. E os alunos precisam aprender a aprender, ou seja, saber buscar uma informação confiável, saber filtrar as informações, saber processar essas informações e associar à sua realidade. Pela primeira vez, professor não é mais depositário de conhecimento, professor tem sido ponte entre aluno e informação.

 

Que no pós pandemia nós continuemos sendo guias para a jornada de cada aluno. E que de fato o conhecimento seja construído por eles, e não despejado neles."

 

...perde-se a linha que separa a vida pessoal da profissional e o professor passa a estar na escola o tempo inteiro… Como tudo na vida, o ensino remoto tem prós e contras...

 

Gilmara Freitas, professora de Língua Estrangeira, no Colégio Estadual Dídimo Mascarenhas, em Chapada, Riachão do Jacuípe.

 

"A pandemia reconfigura o modo de viver na terra. E a educação, claro, se transforma junto com tudo!! Muda-se o jeito de ensinar e de aprender!! É preciso aprender novas formas de aprender e para isso é preciso aprender a aprender!!

 

As aulas remotas trazem a professores e alunos experiências até então impensadas!! Ganha-se a possibilidade de explorar recursos tecnológicos, de diversificar as práticas em sala de aula e testar diferentes técnicas de aprendizagem. O ensino remoto pode facilitar interações interistitucionais, permite maior acesso à variedade e riqueza cultural e linguística, pela internet o aluno pode entrar em contato com muitas línguas e estabelecer conexões entre as diversas áreas do saber, através de uma perspectiva multidisciplinar.

 

Mas, perde-se o contato humano, a interação que permite ao professor olhar no olho do estudante e criar um vínculo para além dos conteúdos, perde-se a linha que separa a vida pessoal da profissional e o professor passa a estar na escola o tempo inteiro, mesmo estando em casa. O estudante perde a rica experiência de conviver e aprender com seus pares nos corredores da escola e nas organizações de grêmios estudantis e gincanas, formas de aprendizagens que a tecnologia não pode promover.

 

Como tudo na vida, o ensino remoto tem prós e contras. O fato de estar sendo desenvolvido à medida que avançamos e de permitir tantas possibilidades, nos permite também reconfigurá-lo a cada nova videoaula, à medida que nos descobrimos como profissionais de um novo cenário e que aprendemos a aprender."

 

 

...desaprendi o que é avaliação.

 

Evando Oliveira, professor de Língua Portuguesa e Literatura, no Colégio Estadual Maria Dagmar Miranda, em Riachão do Jacuípe.

 

"Eu até que não reclamo das atividades para com os alunos, mas do excesso de informações repetitivas, planos de aulas e unidades engessados, lives cansativas. A realidade que eu enxergo, principalmente, depois da pandemia, é um diagnóstico extremamente superficial que não detecta a real causa do fracasso do ensino público.

 

Eu cheguei a seguinte conclusão após um mês de aulas virtuais: Ou eu não falo a língua desses estudantes, ou eles não entendem nada mesmo, lógico, com raríssimas exceções. Constatei isso pelas inúmeras mensagens que me mandam, após uma atividade.
Depois desses anos todos, eu desaprendi o que é avaliação."

 

sinceramente, eu achei que seria pior… mas falta aquilo que é importante para a gente, que é o calor humano.

 

Gabriel Oliveira, professor de História, no Colégio Estadual Dídimo Mascarenhas, em Chapada, Riachão do Jacuípe.

 

"A minha escola é uma escola pequena, então, a gente tem um contato maior com os alunos. 90% estão participando ativamente e aqueles que não conseguem, via (o aplicativo) Meet, a gente tem tentado outras formas. Por exemplo, tenho uma aluna que não tem (como instalar) o Meet no celular, então, no horário da aula, ligo para ela, mando o esboço da aula via celular e ela vai acompanhando, do ponto de vista do áudio. Tem dado certo. Ela tem dado retorno.

 

Eu tenho usado sair um pouco da tela. Tentar trabalhar conversações via whatsapp e com alguns alunos manter um contato maior, por conta da dificuldade que eles têm de acompanhar pelo Meet. Então, em alguns momentos, a gente tem que ter várias estratégias para a mesma turma.

 

Essa é a grande dificuldade: dificuldade tecnológica de alguns e, claro, dificuldade de manter uma rotina nova, sem aula presencial. Mas, sinceramente, eu achei que seria pior… Por enquanto, a coisa está indo com uma certa tranquilidade, nesse sentido, mas falta aquilo que é importante para a gente, que é o calor humano."

 


13/03/2021

Estudantes da rede estadual falam de expectativas e dúvidas para a volta às aulas

 

Arte com imagens de Pixabay e Guia do Estudante Abril

 

Não há portões para abrir, nem abraços a trocar, ou lugares para marcar com o caderno novo sobre a cadeira, mas o clima de volta às aulas, na rede estadual da Bahia, está no ar, com a expectativa para o início do ano letivo 2020/2021, de modo remoto. Será dada a largada, na segunda-feira, dia 15 de março.

 

Após um ano de atividades meramente solidárias, via internet, onde foi possível fazer isso, alunos, direções, professores e trabalhadores da educação, em geral, parecem agora “esperançar pra ver”, aproveitando o legado freireano que norteou toda a jornada pedagógica, neste centenário do educador brasileiro mais festejado no mundo.

 

Direções, coordenações e demais servidores escolares têm trabalhado dobrado na mobilização de esforços e na busca ativa pelos alunos que aparentemente estão dispersos e até evadindo, diante das incertezas impostas pela pandemia do coronavírus. Outros, porém, seguem firmes, em contato constante com a escola e os professores, por meio das redes sociais, e assim ajudam a localizar e trazer de volta à roda aqueles colegas já descrentes quanto ao próprio futuro estudantil.

 

O aluno Kaique Emanuel Tavares, do 2º ano de Administração EPI, no CETEP João Campos, em Riachão do Jacuípe, se preocupa com os dois anos letivos conjugados em um único ano civil e tem receio de que a turma fique dispersa ou sobrecarregada, além de observar o problema da exclusão digital. “Espero também um fácil acesso à educação para aqueles com mais dificuldades, em relação a conexão da internet, para que todos possam garantir o ensino de qualidade, diante deste momento difícil”, pontua o jovem.

 

No caso dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, a ansiedade frente à situação atípica, decorrente da crise humanitária, parece maior ainda. Eles têm possibilidade de concluir o último ano escolar, utilizando as notas do ENEM, o aproveitamento de estudos, ou por meio de avaliações específicas. “Conversando com minha turma esses dias, eu percebi que todos querem concluir logo”, afirma o estudante Davi Emanuel Barreto, do 3º ano noturno, do Colégio Estadual Maria Dagmar Miranda TI, também em Riachão do Jacuípe. Na opinião dele, as aulas online podem ser cansativas, principalmente se abordarem excessivamente a questão da pandemia, que já está presente na mídia, diuturnamente, conforme ressaltou.

 

Aluna do 2º ano A vespertino, no Colégio Estadual Pedro Falconeri Rios, em Pé de Serra, Maryellen Brito aguarda a volta às aulas, na fase remota, sugerindo a criação de uma espécie de fórum ou chat em que a turma possa interagir entre si e com os professores, em tempo real. Esta possibilidade já foi discutida, durante as reuniões de planejamento entre a direção, coordenação e professores da unidade, que desde o ano passado têm ofertado minicursos online e observam os diferentes meios tecnológicos possíveis para cumprir o desafio dos dois anos em um, além das medidas alternativas para alcançar os estudantes não conectados à rede mundial de computadores. Nesses casos, a Secretaria Estadual de Educação oferece cadernos de apoio à aprendizagem e outros conteúdos ou atividades deverão ser retirados na escola, podendo também ser encaminhados diretamente à casa dos alunos com maior dificuldade de acesso à cidade. No Colégio Pedro Falconeri, isso deve se dar por meio de parcerias locais com a rede municipal e a comunidade escolar.

Professores, gestores, estudantes, etc. Todos concordam que o desafio é grande, mas também, aguardam o reinício das aulas, nesta fase remota, como se aguarda uma estreia cinematográfica ou de streaming, pois o isolamento físico, em muitos casos, torna a vida menos rica e vibrante, podendo-se agora conferir a ela um pouco mais de brilho e esperança, na convivência escolar, ainda que um tanto distante.

 


29/01/2021

Memória e tradição na comunidade Bom Jardim

Boi de Roça

A TV Cardeal e a Cardeal Rádio Web, de Riachão do Jacuípe, Bahia, registraram um dos costumes comuns ao povo do campo, na região. De vez em quando, uma família reunia os amigos para os trabalhos mais encorpados da lavoura, quando um agricultor sozinho não dava conta de realizar a tarefa inteira.

Em recompensa à boa vontade da vizinhança, tudo terminava de modo muito festivo. A depender da localidade, esse hábito recebia o nome de dijitoro - uma variante linguística para adjutório, ou seja, auxílio, ajuda.

Com vários programas voltados à cultura sertaneja, a Cardeal Rádio Web é uma das rádios online mais ouvidas no nordeste da Bahia e pode ser acessada no seguinte endereço: Cardeal Rádio Web.

 


28/10/2020

 

 

Educação e Literatura

O professor e poeta Messias B. Queiroz conta um pouco sobre sua experiência com a educação e com as letras, ao apresentar a nova edição de seu romance Reminiscências. Messias é originário da Pastoral da Juventude, recém-casado e pai de um garoto. Optou por viver no campo e trabalha em cidades da região.


26/10/2020

Professores e agentes culturais conversaram sobre cultura e desenvolvimento

 

Captura de tela. Fonte: https://youtu.be/2K-3Zgf2nMA

 

Riachão do Jacuípe e Região Na tarde do último domingo 25, professores, escritores e representantes do setor cultural se reuniram virtualmente para discutir o tema Livro, Leitura e Desenvolvimento. O escritor Messias Bezerra abordou as dificuldades do mercado editorial regional e o professor Ricardo Thadeu, autor de livros como Trilogia do Tempo, lembrou que a crise não é uma crise de leitores, mas de apreciadores da cultura de modo geral e que, na medida em que promovemos o chamado capital cultural entre as pessoas, novos leitores tendem a surgir.

 

O representante do Instituto Cultural Iracema Sampaio, Mauro Geosvaldo, defendeu a formação de uma frente para a promoção de ações culturais integradas e a realização de uma conferência de cultura pela sociedade civil, abrangendo todas as tendências e matizes de pensamento, porém, de modo apartidário.

 

De acordo com a professora Paula Betânia, do Colégio Estadual Maria Dagmar Miranda TI, já existe entre o público estudantil iniciativas culturais relevantes, podendo ser melhor apoiadas e ampliadas. Da mesma forma, a estudante e estreante, no mundo das letras, Vitória Rios, de Retirolândia, relatou interessantes experiências com a literatura, em rede social. A professora Betânia informou também sobre o surgimento da Casa Azul, em Riachão do Jacuípe, sendo mais um espaço voltado à promoção do livro e leitura.

 

Entre os encaminhamentos da reunião, está a conclusão do Edital para um concurso de frases proposto pelo Ponto de Leitura, podendo ser lançado ainda este ano, com perspectiva de premiação para 2021. Além disso, decidiu-se por promover novas reuniões, sempre que necessário, para planejar e afinar as iniciativas integradoras da Educação com a Cultura, em nível local e regional.

 


17/10/2020

 

Professores salvam a cultura regional

 

Professores e professoras do NTE 15, assim como tantos outros pelo país, têm contribuído imensamente para a preservação das identidades locais e têm sido verdadeiros promotores da cultura de cada lugar, que sofre uma espécie de mutação, decorrente da chamada globalização cultural. Sendo um fenômeno inevitável, precisa ter certos contrapesos, para não anular aquilo que é próprio de cada região.

 

O projeto coordenado pela professora Sandra Maria, em Pé de Serra, BA, serve de exemplo para corroborar os fatos mencionados. No vídeo Fala Professor, a professora detalha a experiência, que começou no Ensino Fundamental da Escola Municipal Luiz Eduardo Magalhães e contou com a colaboração dos estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Falconeri Rios. O trabalho resultou num livro que pode ser acessado também por aqui.

 


 

11/10/2020

 

Um spoiler por uma boa causa

 

De vez em quando é possível comprovar que a arte, incluindo a teledramaturgia, cumpre de fato uma função social, como se deduz, ao assistir a série Parenthood, que foi ao ar pela primeira vez na rede de TV estadunidense NBC, entre 2010 e 2015.

 

No Brasil, a série pode ser vista pela Amazon Prime Vídeo e é daí que sai o spoiler que estamos dando, nessa breve matéria, para confirmar o que o título sugere.

 

A série retata a vida de uma família de classe média, em que o casal de “patriarcas” vê alguns filhos adultos se encontrando na vida, enquanto outros, nem tanto. São filhos do casal idoso que agora também são pais pais de adolescentes rebeldes, de um lado, e tímidos e sensíveis de outro.

 

Para completar o rol das dificuldades humanas a que todos estamos sujeitos, há na história um menino com Asperger, [Espectro Autista] em que a pessoa tem dificuldade de empatia, de olhar nos olhos dos outros e às vezes diz coisas sinceras que, no entanto, são capazes de ferir quem ouve. Ao mesmo tempo, os "aspergers" são capazes desenvolver talentos extraordinários, em torno de seu assunto preferido. No caso desse garoto da série, ele sabe absolutamente tudo a respeito de insetos.

 

Para que o spoiler não se estenda muito, vamos nos deter numa sequência marcante do final da segunda temporada de Parenthood. É quando o patriarca, o avô de uma adolescente rebelde que se recupera de um acidente automobilístico, leva a neta até o pátio onde ficam os veículos danificados e lhe mostra o carro em que ela estava, com os amassões que por pouco não interromperam a vida da jovem, enquanto fugia de casa com um amigo, os dois tomando bebida alcoólica.

 

Junto ao veículo avariado, depois que o pior passou, o senhor experiente conta para a neta que ele é um veterano da Guerra do Vietnã, que viu os horrores de lá e que, enquanto lá esteve, sonhava com uma família, filhos e netos.

 

O avô arremata, dizendo que a jovem sempre esteve nos sonhos dele, junto com os outros netos que teria. Com firmeza, ele diz à neta que ela não tem o direito de brincar e colocar em risco o sonho realizado por ele, de ter sua famíla completa, inclusive com a jovem, viva e sã.

 

A mocinha então desaba em pranto, sob o aconchego dos braços de seu avô, ganhando aos poucos a capacidade de pesar e medir seus atos, suas escolhas, como normalmente nossos adolescentes e jovens não se habituaram a fazer, mas podem começar a pensar, ao assistir programas dessa qualidade.

 


06/09/2020

Recurso cinematográfico revela transformações da cidade, nos últimos anos

 

 

Já pensou em quanto a cidade mudou, em sete anos? Confira o que se conservou e o que hoje é diferente, no centro comercial de Riachão do Jacuípe. Para isso, assista ao Time Lapse do fotógrafo jacuipense Rodrigo Bernardo. Time Lapse é uma técnica cinematográfica que transforma filmes longos em imagens rápidas e muito mais curtas, mudando completamente a percepção do tempo em que as coisas acontecem. Vários filmes, nesse formato, concorrem a festivais que costumam acontecer em muitos lugares do mundo. Existe, inclusive, um edital aberto, neste momento, para o Festival Internacional de Time Lapse, na Espanha, com data limite de 31 de maio de 2021 para inscrição.

 


03/09/2020

 

Drázio Varela encoraja o hábito da leitura

 

Médico, cientista e escritor, Dráuzio Varela é conhecido por popularizar informação médica, no Brasil. Já foi descrito pela imprensa como o famoso que cuida dos outros. Nesse vídeo breve, ele responde dúvida de internauta sobre o hábito da leitura e termina evidenciando a importância de desenvolvermos esse hábito para a vida.


 

2020-08-19

 Fala, estudante!

 

A parceria de escolas e professores de unidades vizinhas dá voz aos estudantes de Riachão do Jacuípe e região, em busca de ouvir suas percepções, demandas e sonhos, durante o isolamento imposto pela pandemia da COVID-19. Confira a visão de alunos do CETEP João Campos.


2020-08-06

Ponto de Leitura ouve pré-candidatos a prefeito de R. do Jacuípe

 

No dia 20 de julho último, a coordenação do Ponto de Leitura solicitou aos três pré-candidatos a prefeito de Riachão do Jacuípe, através de um único e-mail encaminhado aos três, ao mesmo tempo, que produzissem um vídeo, de até 5 minutos de duração, explicando ao público suas principais motivações para pleitear o cargo e suas propostas mais importantes para o município, em caso de vitória, nas eleições de 2020.

Foi estipulado um prazo de dez dias para o envio do vídeo. Conforme e-mail à disposição de quem vier a solicitar, apenas o pré-candidato Lucas Willian cumpriu o prazo para a entrega do vídeo. A coordenação do projeto entrou em contato com os outros dois pré-candidatos para saber as razões de não terem encaminhado vídeo, dentro do prazo combinado. A assessoria de um dos dois explicou que a agenda cheia dificultou o cumprimento do prazo, mas que ainda estava disposta a viabilizar o vídeo. O outro pré-candidato, que também não enviou o vídeo a tempo, lamentou ter se esquecido e manifestou também interesse em ainda enviar.

O prazo de envio, então, foi dilatado por 48 horas, a fim de facilitar a todos os três pré-candidatos a oportunidade isonômica de se comunicar com o público, acerca de suas motivações e ideias.

O prazo dilatado encerrou na data de hoje, conforme consta do início do post, sem que os pré-candidatos Carlos Matos e José F. Filho encaminhassem seus vídeos. Nesse sentido, restou à coordenação do Ponto de Leitura a opção de publicar a mensagem do pré-candidato Lucas Willian, que foi o único a enviar o vídeo à coordenação do projeto.

 


2020-07-25

Educadores de Riachão do Jacuípe e Região se unem para promover cultura e conhecimento e prevenir a evasão escolar, no pós-pandemia

         Imagem: Google

Professores e gestores de escolas estaduais com maior proximidade geográfica e de identidade estão se aproximando ainda mais, durante o isolamento social, para celebrar suas semelhanças e aprender com as diferenças, a partir das unidades onde atuam, mas, bem além do espaço meramente institucional.

Com isso, não desejam ignorar ou substituir os espaços oficiais de gestão e discussão, mas procuram manter aceso o interesse dos estudantes, familiares e deles mesmos por continuar a aprender e a viver, apesar do isolamento social.

Os profissionais têm trocado ideias e pontos de vista, como seres autônomos que compartilham suas formas próprias de estar no mundo e de construir sentido, por meio do conhecimento, da arte e da vida cotidiana. Uns mais falantes, outros mais calados e observadores, porém, todos de acordo, quanto à necessidade de reflexão propositiva, em relação ao momento que estão atravessando.

Uma proposta do Projeto Ponto de Leitura, nessa direção interativa, foi prontamente acolhida por educadores de Riachão do Jacuípe, Chapada e Pé de Serra, que estão engajados e se comunicando, por meio de rede social, para o lançamento de ações culturais abertas ao público, porém, voltadas principalmente às suas comunidades escolares, de forma a despertar mais interesse nos estudantes, no sentido de continuarem sua jornada de estudos e de convivência social, apesar das grandes dificuldades decorrentes da pandemia do coronavírus.

A professora Gilmara Freitas observa a necessidade de mapear a participação dos estudantes nas atuais atividades remotas, que ela encara como oportunidade para se repensar a escola, ainda calcada em um modelo do século passado, apesar de haver experiências inovadoras, em uma ou outra unidade.

Mesmo existindo excelentes experiências com atividades e projetos pedagógicos, por meio das tecnologias digitais, ultimamente, admite-se a necessidade de promover a cultura e o pensamento crítico, por meio de iniciativas que envolvam as unidades educacionais e ao mesmo tempo possam transcendê-las, levando os estudantes do Ensino Médio à maior consciência de sua autonomia para pensar, sentir e agir, não mais como seres meramente uniformizados e tutelados pelas institutições, indefinidamente.

De acordo com o que observa o professor Evando Oliveira, isto não é fácil, porque a experiência prática com o ensino remoto tem demonstrado dificuldade de boa parte das turmas escolares, em Riachão do Jacuípe, quanto a responder ao que é proposto, inclusive quando são oferecidas premiações, em troca de participação. Para esse professor, as atividades pedagógicas solidárias, durante a pandemia, são importantes e até ajudam a justificar o salário que é pago aos servidores, enquanto as aulas presenciais estão suspensas.

Atividade prática

A primeira ação aprovada pelo grupo de educadores que estão pensando juntos o pós-isolamento, inclusive em vista de evitar a evasão escolar que se anuncia, é a exibição on-line de um curta-metragem brasileiro premiado internacionalmente, tendo como público-alvo principal os estudantes das áreas abrangidas pelas escolas onde trabalham esses profissionais. Após a exibição, haverá bate-papo virtual, no estilo dos cineclubes espalhados pelo país. A atividade será aberta ao público em geral, conforme divulgação prévia que deve ocorrer em breve.

Após assistir previamente ao curta-metragem que está sendo programado para a exibição, a professora Joceane Araújo, de Pé de Serra, afirma que “O curta citado traz uma gama de discussões: diferenças, insegurança, aceitação, autoestima, a importância da opinião alheia, rótulos sociais...” e rassalta a relevância de se trabalhar com mesas redondas, círculos de expressão e observação.

Na mesma linha, o professor Gabriel Oliveira, que também trabalha na rede estadual, em Chapada, e dirige o Colégio Nobel, em Riachão do Jacuípe, acredita que a experiência de cineclube virtual possibilitará bons debates.

Com a agregação de profissionais e gestores da educação geograficamente e culturalmente próximos, o Ponto de Leitura visa a colocar à disposição da sociedade microrregional a diversidade de talentos e conhecimentos, graduações e pós-graduações que, mais do que meros elementos curriculares, impulsionam o progresso humano e social de uma área historicamente submetida àquilo que vem de fora, como sendo o único que serve.


 2020-07-17

Passeio aéreo sobre Riachão do Jacuípe 

 

Fonte: Riachão do Jacuípe - Bahia - Drone DJI SPARK - Canal Tiago Falcao

 

As valiosas imagens aéreas de determinado lugar, com diversas finalidades, têm sua história marcada pelo feito surpreendente do fotógrafo alemão Julius Neubronner que, em 1903, conseguiu acoplar pequenas máquinas fotográficas em pombos-correio.

De lá até aqui, especialmente após a guerra fria, com seus satélites espiões, o desenvolvimento tecnológico possibilitou a visualização cada vez melhor da Terra e de pontos específicos do planeta, a partir do espaço.

Pequenas cidades, como Riachão do Jacuípe e outras, não tiveram o privilégio instantâneo de se verem a partir do alto, mesmo depois que os aviões e demais inventos modernos já eram bastante comuns.

Uma fotografia aérea aqui, outra acolá podiam ser encontradas em órgãos públicos locais, mas é com o surgimento dos drones que finalmente os jacuipenses podem apreciar seu torrão natal ou adotado de um ponto de vista tão amplo e revelador da paisagem e de outros detalhes, segundo a área de interesse de cada um.

As questões ambientais e o desenvolvimento urbano tendem a ser favorecidas com o acesso a este tipo privilegiado de registro de imagens que podem servir para se aperfeiçoar o Plano Diretor Urbano e o Estatuto da Cidade.

Uma pesquisa digital não demora colocar o estudante, o profissional, o cidadão em contato com a vista aérea de sua localidade, seja através de imagens de satélite, disponíveis no Google, por exemplo, ou de sites e canais de conterrâneos e admiradores do lugar. É o caso do vídeo aqui inserido, cujos detalhes revelam muito sobre o passado e o presente de Riachão do Jacuípe.


2020-07-04

HOMENAGEM

O legado de José Lisboa para Riachão do Jacuípe e Região

Fotos: Pastoral do Povo de Rua / Arquivo pessoal

 

 

I – Quem foi José Lisboa?

Responsável pelas mudanças profundas, na forma como a Paróquia  de Riachão do Jacuípe e Pé de Serra se relacionava com os poderes públicos locais, ficou conhecido na comunidade católica da região como Pe. Lisboa, enquanto dirigia a Congregação dos Vocacionistas, orientando as ações dos padres José Silvino, José Ionilton (hoje bispo de Itacoatiara, no Amazonas) e José Carlos Nascimento. Por aquela época, esses três padres foram encarregados de refundar a paróquia, seguindo princípios como autonomia institucional e emancipação dos leigos para o exercício pleno de sua missão, na Igreja e na sociedade.

Lisboa foi um dos mais eminentes teólogos brasileiros contemporâneos, natural de Araci, com significativa atuação pastoral em todo o país, inclusive em Riachão do Jacuípe, notadamente entre os anos 1990 e a primeira década dos anos 2000. Era mestre e doutor pela Universidade Gregoriana de Roma.

II. Qual foi exatamente a participação de José Lisboa, nas transformações pastorais e sociais ocorridas em Riachão do Jacuípe e Pé de Serra, a partir dos anos 1990?

Como delegado da Congregação dos Religiosos Vocacionistas, no Brasil, Lisboa residia na sede da entidade, então em Vitória da Conquista, mas, pela própria atribuição, estava em constante contato com a comunidade de religiosos padres que moravam e trabalhavam em Riachão do Jacuípe e Pé de Serra, orientando-os e decidindo, em comum acordo com eles, as mudanças que precisavam ser efetuadas. Nesse sentido, pode-se dizer que certas medidas do pároco José Silvino, como a recusa de que as despesas da paróquia fossem pagas por autoridades políticas, como era de costume (e ainda é em alguns lugares) são medidas inspiradas e respaldadas por José Lisboa. Isto representa um marco no desenvolvimento mínimo que a sociedade jacuipense-pé-de-serrense alcançou, no sentido da formação de cidadãos com capacidade de análise crítica da realidade ao seu redor.

III. Houve participações diretas do teólogo, em momentos-chave dessas mudanças e suas repercussões, ou ele apenas orientava de longe?

José Lisboa não era alguém que ficava de longe manipulando seus liderados padres, mesmo porque eles tinham bastante autonomia e personalidades igualmente fortes. Em várias ocasiões, Lisboa presidiu celebrações e participou de atividades pastorais, na paróquia Nossa Senhora da Conceição.

Quando, em 1998, a crise entre o então prefeito Herval Campos e o então pároco José Silvino chegou ao seu auge, o teólogo reuniu padres e religiosos de inúmeras paróquias, liderando uma caminhada corajosa pelas ruas de Riachão do Jacuípe, em defesa do Pe. Silvino.

Por mais que se possa discutir hoje o mérito da questão, que envolvia o loteamento São José, de iniciativa da Sociedade das Divinas Vocações, o fato é que Herval Campos exercia seu mandato com fortes ímpetos coronelistas e isto, para José Lisboa, era inadmissível.

Ao final daquele ano, presidindo a celebração da Festa da Padroeira, que sempre lota a praça central da cidade, o teólogo fez uma homilia contundente em que chamava a atenção dos “desavisados” que, segundo ele, não tinham entendido os ventos democráticos dos últimos tempos, no país e no mundo.

IV. Como era a atuação de José Lisboa, no restante do país?

Ao deixar a direção dos Religiosos Vocacionistas (Província do Brasil), ele passou a ser assessor do Setor de Vocações e Ministérios, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. A partir dessa nova ocupação intensificou uma espécie de consultoria religiosa a inúmeras congregações e seminários, por todo o país. Dessas idas e voltas, trazia muitas histórias, que ele compartilhava com as lideranças juvenis de pastoral, em Riachão do Jacuípe.

Na CNBB, Lisboa trabalhou diretamente com o bispo Dom Angélico Sândalo Bernardino, por quem ele tinha grande consideração e isto era recíproco. Dom Angélico, atualmente bispo emérito (aposentado), é um dos remanescentes daqueles bispos antenados com o Concílio Ecumênico Vaticano II, que foi o concílio (espécie de congresso) responsável por abrir a Igreja Católica ao mundo moderno, na década de 1960, numa perspectiva surpreendentemente progressista, do ponto de vista político e até dos costumes.

Ainda hoje os católicos mais conservadores nunca perdoaram o Papa João XXIII, que convocou e moldou esse concílio. Corre até uma lenda, entre os saudosistas do catolicismo ultraconservador, segundo a qual João XXIII, conhecido pelo povo como o Papa Bom, na verdade seria o anti-cristo. Essa ala do catolicismo romano viu em Bento XVI a oportunidade do resgate de suas mais caras tradições, como a missa celebrada em latim, assim como agora vê em Francisco alguém próximo de João XXIII e, portanto, desvirtuador da tradição.

Ao lado de Dom Angélico, conservando o espírito libertador do Concílio Vaticano II, José Lisboa procurou sacudir certas mentalidades e práticas empoeiradas de várias congregações e dioceses brasileiras. Então, ele contava que, sendo conhecido como um teólogo crítico da própria Igreja, às vezes era mal recebido entre aqueles com quem tinha que dialogar, em conferências e atividades católicas do gênero.

Em Pernambuco, salvo em engano, durante uma palestra para seminaristas, segundo ele contava, um dos candidatos a padre tomou a palavra para fazer uma advertência ao conferencista, dizendo que ele não permitiria que ninguém ali falasse mal da Igreja. Lisboa então respondeu à provocação da seguinte maneira, segundo ele mesmo: Disse que se a Igreja fosse uma vaca que as pessoas usam só para lhe tomar o leite e depois não interessa o que acontece com ela, tudo bem, mas não é o caso e se deve ser capaz, não apenas de se servir da Igreja, mas de amá-la, refletir sobre ela e procurar cuidar dela.

Com este tipo de analogia desafiadora, Lisboa atraía muitas vezes a ira de leigos e clérigos acostumados a não questionar nada e se servir de tudo, inclusive da simplicidade do povo, que paga a conta de muitas estravagâncias institucionais, seja na Igreja ou nos governos.

V. Por que José Lisboa afastou-se do clero e casou-se em seguida?

Durante muito tempo, José Lisboa foi animador vocacional, que é a função voltada para a formação daqueles que se candidatam a padre ou freira, mesmo que, nesse percurso, optem por outra vocação específica. Nessa posição, o teólogo notou as imensas dificuldades emocionais desses candidatos ao clero e à vida religiosa, como de resto acontece com tantas pessoas, fora dos ambientes religiosos também. Com isso, Lisboa foi dando cada vez mais importância ao acompanhamento psicológico dos vocacionados e vocacionadas, o que revelava que as motivações deles e delas muitas vezes ficavam distantes daquelas que melhor justificariam a escolha pela vida consagrada ou clerical, como por exemplo, servir ao próximo até às últimas consequências.

Tratava-se frequentemente de jovens com grandes conflitos, que estavam, até certo ponto, procurando refúgio na Igreja institucional, o que não pressupõe que se deva julgar e condenar esses jovens, por isso. Antes, ao contrário, deve-se acolhê-los e encaminhá-los para a vida, “fora do recinto sagrado”, como o teólogo gostava de dizer.

Nem é preciso dizer que esta prática inovadora do animador vocacional que ajudava os vocacionados a criar coragem e meios para buscar uma vida comum, integrando suas limitações e potencialidades, não demorou a criar ruídos nas instituições religiosas, em que alguns bispos conservadores e outras lideranças eclesiásticas começaram a se inquietar muito com Lisboa, e ele, por sua vez, tinha também um temperamento forte. Foi se angustiando e se questionando, a ponto de resolver procurar um processo de acompanhamento psicológico para si mesmo.

Lisboa passou então a ser acompanhado por um psicólogo renomado, que tinha sido padre e, com isso, passou a identificar certas nunances da vida religiosa institucional que, segundo o psicólogo, o estavam adoecendo.

O até então padre Lisboa já tinha uma longa amizade com a ex-freira Ana Márcia Guilhermina, com quem havia construído um projeto de natureza religiosa e política para os leigos. Os dois viviam em grande afinidade de ideias e visão de mundo. Com as descobertas decorrentes do acompanhamento psicológico, o teólogo resolveu deixar o sacerdócio, o que não foi uma decisão fácil, porque ele era uma espécie de padre-referência para muitas congregações e paróquias, no país.

Uma vez, questionado por um amigo ainda muito ligado à Igreja, por que ele não fazia um pouco de autocrítica também, procurando ver onde o seu temperamento e sua forma direta de dizer as coisas poderiam ter contribuído para o mal-estar com os colegas religiosos e clérigos. Lisboa respondeu prontamente que não estava disposto a continuar fazendo uma coisa em que não acreditava mais e que por isso não tinha volta na sua decisão de deixar o clero.

Aquela afirmativa foi recebida com escândalo, embora não devesse, pois o padre Carlos Vallés, um espanhol, autor do livro Querida Igreja, conta que certa pesquisa revelou que existe uma quantidade imensa de padres que não pensam em deixar seus ministérios, mas, no fundo, no fundo, duvidam do que pregam. Apesar disso, sentem-se impelidos a manter aquelas tradições que sustentam a forma de vida que escolheram. Há suficientes indícios de que, entre os pastores protestantes, não faltam casos semelhantes.

Assim foi que Lisboa pediu sua amiga Ana Márcia em casamento e ela, que faz questão dizer que sempre o respeitou, enquanto padre, aceitou feliz o pedido. O teólogo então passou a ministrar aulas na Universidade Católica de Brasília, onde Ana Márcia cursou psicologia, sendo aluna dele, em certa disciplina. Durante os recessos da faculdade, o casal viajava pelo país, fazendo encontros formativos, no campo religioso e político e lançando livros. Um dos últimos textos escritos pelo casal, Saindo de Recinto Sagrado, foi lançado em Riachão do Jacuípe, em 2011.

Em 2015, José Lisboa adoeceu gravemente, vítima de linfoma, e Ana Márcia o acompanhou até os seus últimos momentos, testemunhando o grande caráter e espírito público do seu companheiro, que mesmo sofrendo no hospital, fazia questão de dar preferência a quem, segundo ele, precisava mais, no acesso a elevadores e outras situações em que encontrava alguém em estado mais grave. Acompanhou, até seus últimos momentos, os retrocessos da democracia brasileira, lamentando muito o prejuízo que os mais pobres sofreriam, com o avanço das elites de rapina sobre as riquezas nacionais e contra as lideranças populares.

VI. Que mensagem se pode inferir da vida e obra de José Lisboa?

A despedida de Lisboa foi celebrada em Araci, com seus familiares e amigos de todo o país, pelo então Padre Ionilton, que era primo dele e fora levado para o seminário com a ajuda do próprio Lisboa, já que este se tornara padre primeiro.

Durante a celebração, o hoje Dom Ionilton, Bispo de Itacoatiara, na Amazônia, lembrou que Lisboa escrevera um livro chamado Reviravolta no Convento e ressaltou que ele promoveu uma reviravolta na própria vida, levantando assim a questão do que isto pode aproveitar a todos, no sentido de promover mudanças, quando necessário.

Pode ser esta a principal mensagem de Lisboa. O valor de se aprender a sair de certas zonas de conforto, não importando o que os outros podem pensar ou fazer, em se tratando de criticar e desacreditar alguém que não vai com a maioria, simplesmente, mas procura revelar a caduquice de certas práticas unânimes, na religião e fora dela.


2020-06-29

OPINIÃO

 Juventude e Cidadania

 

Por Messias Bezerra Queiroz*

“…não me atreveria a dizer que a última década trouxe uma apatia à juventude superconectada, até porque as redes sociais parecem demonstrar o contrário, mas, ainda assim, há algo de estranho…

 

Escrevi um poema no ano de 2003, intitulado “Cidadania”, e com ele fui vencedor de um festival de poesia, promovido num evento diocesano, realizado na Paróquia de Riachão do Jacuípe. Naturalmente, esse acontecimento foi um fato marcante na vida de um adolescente pacato de 14 anos. Mas o que quero destacar, com isso, não é um mérito pela autoria de alguns versos, mas sim o que me motivou a fazê-los.

Ocorre que, nessa época, comecei a frequentar as reuniões de grupos de jovens da Pastoral da Juventude e, frequentemente, ouvia os veteranos na caminhada falarem em ética na política, justiça social, meio ambiente, valorização do homem do campo e da Mãe-Terra, inclusão social dos jovens e dos negros, os direitos das mulheres, entre tantos outros temas inquietantes, debatidos à luz de princípios bíblicos. Assim nasceu a inspiração para criar o aludido poema, o qual hoje eu vejo repleto de ingenuidade, porém, muito mais que isso, a convivência com uma turma, com um olhar diferenciado sobre o mundo, foi a base fulcral para boa parte daquilo que hoje eu penso e defendo como bem comum.

Recentemente, ouvia algumas músicas do compositor cearense, Zé Vicente, entre elas, um hino bastante conhecido no meio católico que diz: “A juventude unida clamando noite e dia / Com gritos de esperança e de paz”. Em síntese, é isso. Esse excerto simplifica de alguma forma a memória que ainda guardo do início dos anos 2000, ao principiar minha caminhada nos grupos de base da Pastoral da Juventude. Hoje, Após um ligeiro salto do tempo, vejo o quanto foi salutar para minha formação humana e cristã a aproximação com uma militância que, a despeito de todos os desencantos, clamava por uma sociedade igualitária, pautada por uma política séria de promoção dos nossos direitos.

Recordemo-nos, pois, do protagonismo da juventude jacuipense engajada, que à época já se queixava da falta de participação juvenil nas transformações sociais, mas ainda fazia ecoar sua voz em diversas ações que transpassaram as fronteiras eclesiais e permearam a comunidade local, a exemplo dos Gritos dos Excluídos, das Campanhas da Fraternidade, dos movimentos de conscientização politica, etc. Nesse contexto, muitos debates fomentados em nossos encontros de jovens, nas comunidades urbanas e rurais, aparentemente sem nenhum poder de ações concretas, foram fundamentais para despertar em muitos jovens a noção de cidadania. Algum resultado prático disso? Sim! O entusiasmo por um tempo de mudanças foi o combustível necessário para darmos um novo impulso a um projeto que conheci neste meio-tempo, chamado Mandato Popular, levado ao êxito nas  eleições municipais de 2004, com a inserção de um representante do povo na Câmara de Vereadores de Riachão do Jacuípe. 

Evidentemente que cada tempo tem as suas lutas e cada geração os seus anseios. Portanto, não me atreveria a dizer que a última década trouxe uma apatia à juventude superconectada, até porque as redes sociais parecem demonstrar o contrário, mas, ainda assim, há algo de estranho no tocante às discussões sociais e à formação cidadã dos jovens,nos últimos anos. Quem lida diretamente com jovens, hoje, talvez possa compreender melhor isso, na medida em que se nota uma desmotivação e uma dificuldade de pensar em alternativas para os clamores dos nossos tempos. 

O tempo é árduo, mas é preciso protagonismo. Caminhemos juntos e não deixemos calar nosso grito de esperança e de paz.

 

*Messias Bezerra Queiroz é Licenciado em Letras Vernáculas, pela Universidade Estadual de Feira de Santana, professor na rede estadual de ensino.


2020-06-21

 

A agenda neoliberal e o desmonte do pacto social

 

 

 

Por Gabriel Almeida Oliveira*

“Um país continental como o Brasil não pode negar a importância do Estado, como elemento de articulação financeira, protetora e empreendedora…”

 

O neoliberalismo surge no Pós-Segunda Guerra Mundial como uma doutrina contrária ao Estado de Bem-Estar Social. O economista Friedrich Hayek, na década de 1940, escreveu o texto “O caminho da servidão”, considerado o texto de origem deste pensamento econômico.

As ideias neoliberais só ganharam adesão na década de 1970, com a crise do Petróleo. Os teóricos neoliberais culparam os sindicatos pelos problemas econômicos do período. Segundo os mesmos, os sindicatos corroem a acumulação capitalista e pressionam o Estado a aumentar gastos sociais. Segundo os intelectuais neoliberais estes dois processos permitem a diminuição dos lucros e o desencadeamento inflacionário.

Vários governos europeus como Margaret Thatcher, na Inglaterra (a partir de 1979), Khol, na Alemanha (a partir de 1982), Schluter, na Dinamarca (a partir de 1983), além dos Estados Unidos, através do presidente Reagan, em 1980, começaram a introduzir os princípios liberais. Elevação de taxas dos juros, diminuição de impostos para altos rendimentos, contenção de greves, criação de legislação antissindical, cortes em gastos sociais, política anticomunista e privatizações estão entre articulações neoliberais destes governos.

Na América Latina, o neoliberalismo se destaca através das experiências-piloto chilena, no governo do ditador Pinochet, na década de 1970, qual serviu de exemplo para os países avançados europeus ocidentais e, da Bolívia, em 1985, com Jefrey Sachs, este servindo de “laboratório” para os países do Leste Europeu, pós-URSS; nas outras regiões, o avanço neoliberal só ocorreu no final da década de 80 e no início dos anos 90 do século XX.

Em relação ao Brasil, pode-se observar sua inserção na doutrina ortodoxa do Consenso de Washington, no início de 1990, no Governo Collor. Vale destacar que tanto Itamar Franco (sucessor de Collor, depois do impeachment) como seus sucessores, inclusive o atual presidente, podem ser considerados governos de políticas macroeconômicas neoliberais.

A grande questão que sobressai é perceber como os últimos governos brasileiros, apesar de suas diferenças, exerceram muito mais continuidades que rupturas, do ponto de vista econômico, e dentro desta questão, quais as consequências das decisões financeiras para o próprio Estado brasileiro e para sociedade em geral?

Não podemos negar que já nos últimos anos da ditadura militar percebe-se a crise da política desenvolvimentista brasileira capitaneada pelo Estado. Uma política de intervenção econômica estatal iniciada no governo Vargas se encontrava em contradição, no final dos anos de 1970, e durante a década de 1980.

O presidente Collor, eleito em 1989, objetiva sua política econômica na inserção brasileira na hegemonia neoliberal. Seu programa é baseado numa drástica doutrina ortodoxa de estabilidade financeira, através de corte de gastos públicos, aumento da receita fiscal, corte de salários no setor estatal, diminuição nos investimentos públicos e abertura comercial.

A política econômica do governo Collor não conseguiu implementar a estabilidade financeira, o processo inflacionário não foi contido e a recessão econômica provocou uma caos social no período. Seu sucessor, Itamar Franco, deu continuidade aos princípios neoliberais de ajuste econômico. A abertura econômica aliada ao processo de privatização teve resultados contraditórios: gerou a entrada de tecnologia externa no país, mas aumentou o desemprego e acelerou o processo concentração de renda.

No governo Fernando Henrique Cardoso, se aproveita das bases ortodoxas iniciadas pelos antecessores; promove-se uma política de sucateamento do Estado com as privatizações desordenadas, num contexto de desmobilização da classe trabalhadora e dos sindicatos. Neste cenário, a economia brasileira baseia-se na desregulamentação financeira, aumento das taxas de juros, como forma de conter a inflação e beneficiar o capital especulativo, programa extenso de privatizações e a busca por superávit primário, através de cortes orçamentários no plano social, obedecendo a cartilha ditada pelo Fundo Monetário Internacional.

O Real, moeda brasileira criada em 1993, quando FHC era Ministro da Fazenda de Itamar Franco, esteve valorizada ao dólar por um longo período. Entre 1995 e 1999, as importações, em relação às exportações, geraram um déficit comercial e a capacidade do país gerar divisas próprias em moeda estrangeira diminuiu, desta maneira o endividamento brasileiro cresceu, a ponto de ser maior que o dos anos 70 do século passado.

Estes mecanismos de política econômica recessiva utilizados por FHC abriram espaço para falências das empresas nacionais, aumento do desemprego, crescimento da dívida externa, além de oferecer a liberdade para os proprietários das empresas privatizadas remeterem lucros e dividendos para o exterior. Este cenário transformou o Brasil no paraíso do rentismo e da especulação financeira, isto é, o setor bancário acumula cada vez mais riqueza e a indústria (aquela que gera mais empregos) perde espaço.

O cenário financeiro, na vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva, era de uma economia ditada pela hegemonia liberal; a esperança era que uma política heterodoxa fosse alternativa para estabilizar a economia brasileira, entretanto, as decisões econômicas deste governo foram esvaziando os indícios de uma postura contra-hegemônica.

A diretriz governamental foi de aliança ao capital nacional e internacional, num claro objetivo de acalmar o grande mercado, pois neste período de transição do governo tucano para o petista, há um claro comprometimento do presidente eleito em respeitar os contratos assinados com os grupos financeiros, como também dar continuidade às reformas neoliberais. Para tanto, o governo dá autonomia ao Banco Central (O presidente Lula indica um neoliberal convicto para presidir o Banco Central – Henrique Meireles), prossegue a busca do superávit primário (investir menos no social e usar esses recursos para pagar a dívida externa), nos mesmos moldes tucanos, e continua com a política de altas taxas de juros, favorecendo o capital financeiro.

As características neoliberais não param por aí. O governo Lula, apesar de importantes e necessárias políticas de avanços sociais (valorização do salário mínimo, Bolsa Família, e maior, mas ainda tímido investimento em educação e saúde) beneficiou as empresas nacionais, com recursos públicos, sem cobrar um incremento tecnológico dessas empresas, estabeleceu acordos de anistia com grandes devedores da previdência e não buscou, efetivamente, fazer uma reforma tributária para corrigir as distorções na cobrança de impostos no país.

A continuação da “Era Petista” durante a gestão Dilma foi marcada pela intervenção equivocada do Estado via subsídios para determinados setores da economia e a política de desonerações (diminuição) de impostos para o setor empresarial, através da chamada agenda FIESP. Estes mecanismos tinham como objetivo: diminuir a carga tributária no setor industrial, gerar empregos e melhorar a concorrência das indústrias brasileiras em relação aos produtos importados. Ao contrário do que foi planejado, o resultado foi o aumento dos lucros de grupos empresariais, pouca dinamização da indústria nacional e menor capacidade financeira do Estado para avançar com as políticas de cunho social. Esse contexto econômico somado à crise política, a ação polêmica do Judiciário e a exacerbação, por parte da grande mídia brasileira, em relação aos focos de corrupção no governo petista, foram determinantes para o Golpe contra Dilma Rousseff.

A partir do Governo Temer, a política neoliberal foi ao extremo. Defendida pelas grandes corporações econômicas, pelo setor financeiro e pela mídia dominante, o neoliberalismo é intensificado, através da Reforma Trabalhista e da PEC da Morte. A PEC 95/16 resulta na diminuição dos investimentos sociais e na impossibilidade de incrementar políticas públicas que combatam os graves problemas sociais (na educação, saúde, moradia e saneamento básico). Esse avanço neoliberal é consolidado com a vitória eleitoral do binômio político e econômico Bolsonaro/Guedes, demonstrando a destruição dos legados da política desenvolvimentista.

O governo atual tem demonstrado que as políticas progressistas não terão prioridade. A política econômica do governo Bolsonaro se caracteriza pela legitimação da desvalorização do trabalhador, despreocupação com o futuro dos cidadãos pobres, através de uma reforma da previdência desumana e da total irresponsabilidade frente à crise sanitária gerada pela epidemia. Em 19 meses do governo, as ações têm sido de ataque: à democracia, à intelectualidade, à cultura e às instituições republicanas. Neste sentido, podemos afirmar que esse governo busca eliminar os direitos sociais e as liberdades individuais construídas na Constituição de 1988.

De fato a inserção brasileira no neoliberalismo, nos últimos 30 anos, tem destruído o Estado Varguista interventor, dando possibilidade para a iniciativa privada controlar setores estratégicos da economia, para além disto, percebemos uma caminhada, num sentido da falência do Estado enquanto uma força importante, na estabilidade econômica. Os últimos governos brasileiros, mesmo com diferenças, têm em comum a defesa de uma política econômica hegemônica e desastrosa para sociedade brasileira.

Um país continental, a exemplo do Brasil, não pode negar a importância do Estado, como elemento de articulação financeira, protetora e empreendedora. Não cabe defender a estatização improdutiva e corrupta, ao contrário, compreende-se a necessidade da construção de um Estado que junto com a iniciativa privada e a sociedade possa aprimorar a liberdade econômica produtiva e minifundiária, os direitos sociais e a expansão tecnológica. Percebemos que as sociedades de países organizados em torno de um governo protetor, como por exemplo, os Tigres Asiáticos e Japão, vêm tendo nas últimas décadas um processo de crescimento econômico e desenvolvimento social; sem falar na política de Bem-estar Social dos países nórdicos ou mesmo na política de financiamento estatal, na educação e na ciência, na Alemanha, França, Inglaterra e nos EUA.

Um Estado forte, sem ser autoritário, seria importante para implementar ajustes econômicos e sociais para a dinamização do Brasil, enquanto nação. É necessário uma política nacional de modernização competitiva, dentro de uma postura democrática e equitativa, isto é, num verdadeiro pacto social.

Gabriel Almeida Oliveira é Licenciado em História (UEFS), Especialista em Cultura Africana (IPS), Professor da Rede Estadual e do Complexo de Ensino Nobel.


2020-06-19

CURIOSIDADE

 

Jaguar no Rio Jacuípe

 

Em novembro do ano passado, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais de Feira de Santana manifestou preocupação com a descoberta de um pescador, em Riachão do Jacuípe. O cidadão, cujo nome não foi revelado pelos sites que repercutiram a informação, pescou um jaguar, nas águas do rio que dá nome ao município.

De acordo com João Dias, chefe do Departamento de Educação Ambiental, em Feira de Santana, o pescador estranhou a espécie e passou a procurar informações sobre o peixe diferente que conseguiu apanhar. Seis meses antes, exemplares da mesma espécie já haviam sido encontradas, nas águas do Rio Tocós, no distrito de Jaguara. Frente ao novo aparecimento da espécie, os técnicos da SEMMAN ficaram preocupados com a biodiversidade, na Bacia do Jacuípe.

Mais conhecido como tucunaré tigre, o jaguar tem como nome científico Parachromis managuensis, numa referência a Manágua, capital da Nicarágua, por se tratar de uma espécie oriunda da América Central, fácil de se encontrar, além da Nicarágua, também em outros países da região, como Honduras e Costa Rica. Técnicos ressaltam que o jaguar é um dos maiores predadores do mundo, mais agressivo que o tucunaré e a piranha, havendo relatos de ataques ao ser humano.

Conforme declarações feitas por ocasião do aparecimento da espécie, em nossa região, o professor João Dias garante que pode haver desequilíbrio na biodiversidade regional, porque os peixes naturais da Bacia do Jacuípe não reconhecem o jaguar como ameaça, tornando-se presas fáceis para o intruso.

Ainda segundo o professor, o jaguar pode atingir até 54 centímetros e os exemplares encontrados no Rio Tocós estavam em condições de procriar, podendo gerar até 15 mil filhotes, em apenas um ano.

Não se sabe ao certo como o jaguar veio parar em Riachão do Jacuípe, mas estima-se que alguém adquiriu a espécie para criar em aquário e, desistindo dessa finalidade, resolveu soltar os animais no rio. O professor João Dias recomendou aos pescadores que não devolvam o peixe às águas, ao pescá-lo, inclusive porque é comestível, e anunciou uma ação junto às lojas de aquários, a fim de fazer frente ao problema.

 


 2020-06-06

Um filme pra ralaxar e pensar

Estreou recentemente, no Netflix, O Despertar de Motti. O filme retrata o dilema de um jovem judeu, na Alemanha atual, mas reflete, até certo ponto, as dificuldades de afirmação dos jovens de qualquer lugar, praticamente, quando percebem que terão que lidar com a dicotomia desejo / regras, típica da vida em sociedade.

No âmbito de uma comunidade judaica ortodoxa, esse conflito tende a ser exacerbado e o protagonista Motti se vê dividido entre seus impulsos naturais e as expectativas da família, que organiza eventos típicos para lhe arranjar um casamento, aleatoriamente. O casamento formal é uma espécie de rito sacro irrenunciável para um judeu, mas Motti se interessa por uma schikse, uma moça de fora das tradições judaicas, para desespero de Judith, a mãe dele, que é uma judia clássica, histriônica e superprotetora.

Caso Motti decida permanecer fiel às tradições, obedecendo à rigidez da família, sente-se infeliz. Se resolver seguir o próprio coração e ficar com a schikse, provavelmente perde o amor e a proteção da família, que também são elementos importantes para ele. O que você faria? O que ele fará? Só vendo o filme para descobrir, refletir e se divertir.


 2020-06-05

 

ENTREVISTA

Comitê Municipal Popular Solidário Covid-19 tem atuação marcante em Riachão do Jacuípe

 

“…poderíamos dizer que o maior desafio é conscientizar a população a aderir ao isolamento social corretamente, bem como fazer os procedimentos de cuidados preventivos.”

“Com o comércio parcialmente fechado e enfrentando serias dificuldades de vendas, entendemos que é urgente tomar ações que mantenham a venda dos produtos, de forma segura, principalmente para pequenos produtores, empreendedores informais, etc.”

 

Ponto de LeituraQual é a origem e qual a finalidade do Comitê Municipal COVID-19?

Comitê – A iniciativa partiu do âmbito Estadual, através do diálogo coletivo com várias entidades sociais e governamentais do Estado da Bahia, dando início à criação do Comitê Estadual Popular e Solidário, que fomentou a criação dos Comitês Populares, nos territórios de Identidades do Estado da Bahia e posteriormente a criação dos Comitês municipais. O Comitê Estadual Popular Solidário quer dialogar com a população, compreender os desafios e potencialidades de cada realidade local. Para isso, une os diversos sujeitos que compõem a diversidade social e cultural do nosso estado.

Ponto de Leitura – Quais são as iniciativas já em andamento e quais as novas ações previstas para o comitê?

Comitê – A primeira iniciativa do Comitê Municipal Popular e Solidário de Riachão do Jacuípe foi a entrega de 150 cestas básicas, neste município, que contemplou mais de 15 comunidades rurais. As doações foram advindas de uma parceria entre o Movimento de Organização Comunitária (MOC) e Fundação Banco do Brasil (FBB), que tem atuação social no município. As cestas foram entregues ao Comitê que, junto com entidades parceiras, fizeram as distribuições das cestas básicas.

Algumas outras iniciativas são:

a) Criar uma Campanha de solidariedade nas redes sociais oficiais deste comitê com divulgação de serviços de Pequenos Empreendedores locais;

b) Campanha com OUTDOOR para sensibilização da população para Prevenção de contágio pelo COVID-19;

c) Campanha de doação de alimentos, máscaras, álcool gel, produtos de higiene pessoal e para limpeza;

d) Encaminhar propostas de ações a Gestão Municipal;

e) Divulgação de informações sobre prevenção e cuidados nas redes sociais do Comitê.

Ponto de Leitura – De que tipo de apoio o comitê necessita, nesse momento?

Comitê – Levando em consideração o momento crítico que estamos vivenciando com  a pandemia do COVID-19, todas as nossas ações tem como objetivo garantir o acesso da população a informações fidedignas, pelos órgãos competentes, sendo necessário o apoio dos veículos de informação, como as rádios locais, para que possamos colocar as propostas do Comitê e buscar apoio para concretização das mesmas.

Ponto de Leitura – Há necessidade de incorporar novos membros? Eventuais interessados devem agir de que modo, para participar?

Comitê –  SIM, pois o Comitê Municipal Popular Solidário é um espaço plural.

Neste sentido, nós, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, movimentos de mulheres, juventudes, sindicatos, igrejas, universidades e instituições de pesquisa, representantes de partidos políticos e do poder público, em nível municipal, territorial e estadual, estamos unidos para construir mecanismos de superação desta crise, capazes de orientar e formular políticas, na perspectiva de garantir os direitos humanos, a saúde, a segurança alimentar e nutricional, a assistência social às pessoas vulneráveis, a manutenção dos empregos dos trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo das populações do campo e das periferias das cidades, dos grupos da agricultura familiar e da economia solidária.

Os interessados em fazer parte do Comitê deverão procurar a coordenação, para ingressar ao grupo, desde que esteja ciente do objetivo do mesmo e esteja disposto a contribuir.

Ponto de Leitura – Qual o maior desafio para Riachão do Jacuípe, no estágio atual da pandemia?

Comitê – Levando em consideração o estágio, em nosso município, que agora já é considerada contaminação comunitária, poderíamos dizer que o maior desafio é conscientizar a população a aderir ao isolamento social corretamente, bem como fazer os procedimentos de cuidados preventivos. Como evitar ir a rua, sem necessidade, fazer uso adequado das máscaras de proteção individual, dentre outras medidas preventivas que muitas pessoas consideram não ser importantes. Além disso, uma problemática é a garantia dos direitos básicos. Com o comércio parcialmente fechado e enfrentando serias dificuldades de vendas, entendemos que é urgente tomar ações que mantenham a venda dos produtos, de forma segura, principalmente para pequenos produtores, empreendedores informais, etc.

Ponto de Leitura – Quais outras informações o comitê julga importante colocar à disposição do público, no momento?

A partir desse espaço de diálogo esperamos contar com apoio da população tanto na divulgação das ações deste Comitê Municipal Popular e Solidário, como na ajuda com doações que serão destinadas as famílias mais vulneráveis do Município de Riachão do Jacuípe.

 

Contatos da Coordenação:

Jucelma: (75) 99965-2927 

Enzo: (75) 99220-3524

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2020-06-04

 

Poesia contra a pandemia

Estudantes recitam cordéis profiláticos à Covid-19

 

O canal Educação Bahia veicula arte estudantil produzida no isolamento social. A seguir, interessantes cordéis relacionados  à pandemia do coronavírus, interpretados por alunos do Nível Fundamental II.

 

 

2020-05-29

 

Poesia pra recobrar a utopia

 

Em tempos de consciência social anestesiada e descrença compreensível nas lutas que tentamos e muitas vezes perdemos, recordar o poema Operário em Construção, de Vinícius de Moraes, pode ser um jeito lúdico de voltarmos a ter alguma esperança no despertamento do maior número de cidadãos capazes de propor e efetuar mudanças. Para quem não conhecia ainda o poema, aproveitem bem a bela interpretação, de Ivone Maria da Cruz, e a mensagem veiculada!

 


2020-05-13

Entrevista:

Josy Meire, escritora de origem regional, com livros disponíveis na Amazon, retrata especialmente a mulher negra, em sua obra.

Ponto de Leitura – De onde você é e até que ponto as suas raízes culturais influenciam sua escrita?

Josy Meire – Eu sou da zona rural do município de Candeal, mas atualmente moro em Conceição do Coité e passo os fins de semana em Riachão. Com relação às minhas raízes culturais, eu como mulher negra, não tenho como me furtar de escrever temas que valorizem a mulher e o negro, principalmente a mulher negra.

Ponto de Leitura – Quando e de que maneira você passou a se interessar por literatura?

Josy Meire – Eu escrevo desde os 15 anos (atualmente tenho 46 anos). Eu me interessei pela leitura e pela escrita, meio que por não ter outra opção de diversão. Como morava na zona rural de 20 anos atrás e  não tinha luz, nem água e muito menos televisão e celular, então só restava ler e escrever. Como eu não tinha dinheiro, nem acesso a livros, comecei a escrever meus próprios livros, em folhas velhas de caderno e papel de embrulho.

Ponto de Leitura – Fale sobre sua formação e suas publicações.

Josy Meire  – Sou formada em História, pela UEFS, e pós-graduada em Gestão de Pessoas, pelo Instituo Pro Saber. Já publiquei, em 2004, em parceria com outras colegas, um livro sobre violência contra a mulher em Feira de Santana. Publicações minhas, tenho quatro livros de romance e um cordel, publicados na Amazon.

Ponto de Leitura – Quais são seus livros, filmes, séries, preferidos? Por quê?

Josy Meire – Livros: romances em Geral; todos de Augusto Cury e leituras de livros didáticos mesmo, principalmente de História. Gosto de filmes de ação, comédia romântica e filmes históricos. Não sou muito de assistir séries, porque exige tempo pra acompanhar as temporadas.
Ponto de Leitura – O que você sugere, como forma de apoio à produção literária, em Riachão do Jacuípe?

Josy Meire – Acho que, talvez, investir na criação de uma biblioteca  municipal, ou pelo ISIS, para incentivar a leitura de livros físicos. Incentivar o lançamento de livros de autores jacuipenses ou publicações em conjunto, para sair mais barato. Criação de um site para publicação de obras de autores jacuipenses. A idéia da criação da Academia Jacuipense de Letras que alguém propôs no inicio, etc...

Ponto de Leitura – Como você está convivendo com o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus?

Josy Meire – O isolamento é uma situação extremamente estressante e é preciso sabedoria para passar por ela. É preciso inventar formas de passar o tempo de forma saudável. No meu caso, a válvula de escape é mesmo a escrita e a leitura. Tenho produzido bastante, nessa quarentena, inclusive meu último livro foi lançado há duas semanas atrás, na Amazon,  e está sendo um sucesso.

Ponto de Leitura – Como você avalia o interesse pela leitura, na sociedade jacuipense?

Josy Meire  – Arrisco dizer que é muito baixo o índice de leitura em nossa cidade, principalmente entre os jovens. Poucas são as pessoas que têm o hábito de ler. Conheço professores que dizem não  gostar de ler, imaginem os alunos. É urgente pensar numa maneira  de mudar a cultura do povo jacuipense, com relação à leitura.

Ponto de Leitura – Quais seus próximos projetos?

Josy Meire – Nossa! São tantos. Tenho no forno um livro sobre violência contra a mulher ( Lugar de mulher não é na cozinha), comecei um novo romance (Fera Ferida) e publico capítulos diários, em outra plataforma digital, (Wattpad), de outro romance  (Amiga linda).

 

Confira, neste link, os livros de Josy Meire.


 2020-05-06

Universitários jacuipenses estão em dificuldade

 

 

Sem estágio remunerado, sem bolsas e ainda tendo que pagar aluguel em outra cidade, mesmo sem aula, universitários enfrentam grande desafio, nesse período de isolamento social.

Uma estudante jacuipense da UEFS relatou, sob condição de anonimato, todas estas dificuldades e apela para as autoridades públicas buscarem uma forma de assistência aos estudantes de nível superior que se encontram nessa situação.

A demanda foi levada ao secretário municipal de Educação, Marinho Bonfim. As questões relativas à Educação Superior fogem à competência do município, porém, os universitários são cidadãos jacuipenses e o desenvolvimento científico e tecnológico faz parte das políticas públicas previstas na legislação municipal. O secretário mostrou-se interessado em buscar soluções para a demanda, o que não exclui a participação de outros atores sociais, em se tratando de evidenciar o problema e encontrar alternativas para superá-lo.

 


2020-04-28

"O livro lendo você"

O que é biblioterapia...

Psicóloga recita belos poemas e, começando por Ferreira Gullar, vai mostrando como os livros ajudam pessoas a reencontrar o equilíbrio.

 


2020-04-27

 Grandes livros

A historiadora e antropóloga Lili Schwarcz indica o que ler, no período de isolamento. São obras notáveis, com tema relacionado à pandemia.

 

 


2020-04-27

Salve a economia do livro, leia mais

Livreiros contam como o mercado editorial brasileiro enfrenta crise sem precedentes.